quinta-feira, 2 de maio de 2019

Ta doendo aqui

Eu me entorpecia.
Porque de alguma forma a morte havia pegado parte de mim.
Não era uma parte muito significante.
A minha luz ainda tinha sede do meu corpo, ela não deixaria aquela falta de cor tomar conta de mim tão fácil assim.

Tem sido dias extremamente difíceis.
Minha mente tem uma força sensacional.
Mas ta muito difícil tomar as rédeas de todos esses sentimentos.
Eu tô aflita.
Passo 24h por dia com aquele friozinho no  peito. E não é de sentimento bom.
Eu sinto vontade de sumir.
Meu quarto virou meu abrigo e ao mesmo tempo a minha cela.

Meus pensamentos se encontram numa total desordem.
E pra tentar amenizar eu acendi um baseado.
Mas ao mesmo tempo que ele tranquiliza e abre inúmeras portas, ele acelera meu coração.
E acelerar qualquer coisa aqui é o caos.

E por falar em caos, eu tô me sentindo o próprio.
Eu novamente vim para minhas profundezas.
É aquela velha história sobre bagunças de quem passa e só deixa mais em desordem.
Eu havia terminado de varrer, mas é que veio mais uma leva de palavras que nunca tiveram real significância. Aí elas perderam a força no meio do caminho e caíram aqui.

Tô o caos, e nem sei como ta saindo tão bem ordenado aqui.
Eu só tô precisando de um pouquinho de luz pra me recompor.
Porque tomou um pouco da minha força.
Aquele pouquinho que foi tomado já me tonteou.

Eu tô gritando no meio desse tanto de gente.
Ta doendo aqui.
Alguém me acode?

Só me ajuda a levantar.
Porque eu desabei.

(Juliana Sayão)