sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Retrospectiva

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O céu clareou para avisar que o dia havia começado.
Não consegui pregar os olhos durante toda a noite.
Um quarto pequeno pra tantos pensamentos.
Uma mente hiperativa.

Com o ano mais próximo do fim as reflexões se tornavam mais frequentes que o normal.
Retrospectiva.
Um ano tanto quanto incomum.
Sim, incomum.
Eu me dispus a enfrentar alguns dos tantos medos que ainda existem em mim.
Me propus a começar a ultrapassar a linha da tão conhecida como zona de conforto.
E ainda sim foi pouco.
Um pouco que aos meus olhos foi muito.

Não é fácil se entregar para o novo.
Não é fácil abdicar dos medos.
Simplesmente não é fácil.
Mas nada que seja impossível.
E assim começamos.

Durante o percurso desse ano consegui me livrar de algumas coisas que me mantinham inerte.
Os mínimos também fazem diferença.
Comecei a parar de querer carregar tudo o tempo todo comigo.
Abrir mão.
Entender esse conceito tem sido um grande aprendizado.
É mais do que necessário deixar as coisas seguirem o rumo que precisam seguir.

A sensação que todo esse aprendizado tem me trazido é l i b e r d a d e.
O fato de amar as coisas ao meu redor não significa que precisam estar comigo.
É egoísmo da minha parte.
É bom enxergar beleza no que é livre.

Durante todo esse tempo eu consegui sanar algumas dúvidas.
E assim vieram outras.
Consegui compreender que as respostas de todas essas perguntas chegam.
E que a pressa pra obter todas essas respostas não ajuda.
É preciso ter paciência.

Sabedoria, paciência, temperança...
São coisas que com o decorrer do tempo vamos adquirindo.
Abri meu coração para esse mundo que todos insistem em dizer que é cruel.
Não que eu desacredite.
Entendo essa realidade.
Mas eu escolhi não fazer parte de toda essa crueldade.
Escolhi ser luz em meio de tanta escuridão.

Disseram que eu sofreria mais por ser assim.
E ainda sim tive coragem de manter nisso.
Realmente é doloroso.
Ainda sim é gratificante.

Um ano que me trouxe tantos obstáculos.
Um ano que eu dei minha cara a tapa.
Apanhei muito.
E no final das contas ainda tinha forças para me erguer de todas as pancadas.
Eis me aqui.
De pé, pronta pra próxima pancada.
Pronta pra próxima lição.

Que a cada dia eu possa ter mais forças pra enfrentar todas as dificuldades expostas pra mim.
Que a cada dia eu possa absorver cada lição que essas dificuldades me trazem.
E ainda sim no final do dia eu continue com essa gratidão por tudo ensinado e aprendido.

Que venha o próximo ano.
2017, obrigada por todas as lições e todo esse crescimento.
2018, pode vir que meu coração já está preparado.

( Juliana Sayão)





terça-feira, 16 de maio de 2017

O ônibus parou e ela desceu

Ela entrou no ônibus e o ambiente automaticamente mudou.
Sinceramente? Não consigo explicar.
Não sei se era o jeito, o cheiro ou aquele sorriso.
Tinha alguma coisa.
Mesmo com os fones no ouvido a música parecia ser tão gostosa.
Ela abria um sorriso largo com tanta intensidade que qualquer um ali dentro podia sentir.
Era perceptível o quanto ela obrigava seu corpo a mexer de uma maneira sutil.
Mal sabia o quanto era tão notável.

Moça, o que será que se passa nessa sua cabeça?
Os olhos dela seguiam o lado de fora.
E pra onde quer que ela olhasse, trazia a sensação de magia.
O sentimento que ela me fazia sentir era de gratidão.
Ao olhar para o céu os olhos dela brilhavam de uma forma tão natural...

Me pediu licença e deu sinal.
Eu não conseguia tirar os olhos daquela figura encantadora.
Ela cantava a música sem emitir qualquer som, mas eu ainda sentia toda a vibração.
Meu coração pedia para descer junto.
O ônibus parou e ela desceu.
Demos partida mas ainda sim fiquei observando toda sua graciosidade.
A moça andava e parecia que seguia o ritmo da música.

E de alguma forma meu dia mudou por completo.
É como se ela tivesse colorido todo meu dia que não tinha cor alguma.
Me senti contaminado por toda luz que ela trazia consigo.

Ela foi embora mas o cheiro do seu perfume ficou.
Sem entender toda essa sensação que fazia meu peito arder, simplesmente agradeci.
Fechei os olhos e sorri.

Olhei para trás, me despedi.
Ela olhou pra mim, sorriu e continuou seu caminho até a perder de vista...
E em mim restou a mera lembrança daquele sorriso cheio de luz...

(Juliana Sayão)