Me bagunça ainda mais

Minha maior vontade era andar sem rumo.
Aliás, a única direção que eu seguiria seria rumo ao mar.
Andar descalça na areia, e na beira do mar fugindo da água gelada que tenta me tocar.
Por ali havia algumas pedras.
Sentei na mais alta e fiquei ali observando aquela imensidão azul.
Não há nada no mundo que me trás tanto medo e ainda sim me seduz...
Fiquei ali por um bom tempo.
Recebendo a melhor energia que o sol podia me dar, e resolvi esperar a lua chegar com seu charme.
Encantada com toda aquela beleza divina, eu gostaria que alguém estivesse ali.
E quem seria esse alguém? - perguntei a mim mesma.
A presença de Deus já era um fato, mas ainda sim faltava algo.
Definir isso que era extremamente difícil.
Como definir isso sem eu estar apta a estar com alguém?

Eis a questão.

A noite ia caindo, e o vento que vinha era mais frio.
E eu ainda não queria ir embora.
Tinha tanta coisa a se pensar ali, olhando pro tudo e ao mesmo tempo pro nada.

Eu ainda sou a desordem em pessoa.
E tudo que queria nesse momento era me organizar.
Separar as coisas, pessoas e pensamentos em graus de importância.
E poder deletar o que não importa mais...
Você consegue fazer isso? Me ensina por favor?

Constantemente sou assombrada pelas lembranças.
Coisas na qual nunca retornarão.
Me bagunça ainda mais. 

Mergulho mais fundo nas profundezas de mim e acabo sem conseguir voltar.

Eu quero uma mão que me prenda o suficiente para conseguir voltar a superfície.
É possível?
Essa pergunta pra mim ainda não tem resposta.
Ainda não consegui encontrar.

Descobri que algumas perguntas simplesmente não tem respostas.

Ou podem até ter, mas essas respostas estão bem longe do meu alcance.

Minha cabeça pesava em tantos pensamentos.
Pulei na água com o intuito de me sentir mais leve.
De deixar que todo aquele anseio pesar e o mar levar...
Permiti as ondas me levarem para o desconhecido.

Os medos, os anseios e as angústias o mar levou.
Entre tantos segredos que o mar continha, agora ela era um deles....

(Juliana Sayão)