quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Eu já a vi segurando um caderno

Eu já a vi segurando um caderno.
Por todo lugar que ela ia, ele estava junto dela.
Sempre com palavras prontas para serem escritas ali.
Naquele caderno continha seus maiores segredos.
Segredos decifráveis e indecifráveis.
E hoje, esses segredos não são mais escritos.
O caderno já não anda junto dela.

As palavras a serem ditas simplesmente se esvaíram.
Evaporaram.
E desde então, ela carrega consigo não mais um caderno, e sim alguns livros.
No qual se encanta cada vez mais.
A vontade de escrever nunca acaba.
Mas sua criatividade talvez não seja mais seu forte.

O caderno que vivia cheio dos seus segredos, hoje está vazio.
E sua mente anda borbulhando.
Borbulhando de palavras que querem sair, mas não encontram a maneira correta.
Mas já não tem a mesma facilidade de antes de passar tudo para o papel.

A menina que andava com um caderno, hoje é uma mulher que carrega livros.
Mulher...
Esse termo faz com que ela seja algo grande.
- Será que eu sou ? - Ela se questiona.
No caso é um termo que possivelmente ela não se considera ainda.

Ao invés de ter histórias para contar, ela quer histórias para ler.
Talvez alimentando a mente, a imaginação, a possível mulher possa voltar andar junto de seu caderno.
Porque ainda sim, a melhor maneira que ela tem de se expressar, é escrevendo.
É a forma mais próxima que ela tem de tentar fazer com que entendam sua total complexidade.

Mas até então, não há formas de decifrá-la.
Enquanto isso, a única maneira é tentar.
Você consegue desvendar ?

(Juliana Sayão)