segunda-feira, 14 de julho de 2014

O meu mar é profundo



Papel e caneta já não faziam mais o mesmo efeito que antigamente.
Eu tenho hoje um acúmulo de palavras a serem ditas mas estão todas guardadas.
Talvez esperando o momento certo para serem usadas, mas sem saber ao certo se o momento já passou.
E nesse tal de esperar, essas palavras só aumentam.
Meus arquivos estão lotados.
E os pensamentos se mantém mais desorganizados.
Prazer, meu nome é bagunça.

Abro a porta e te faço um convite.
- Vem! Entra e fique à vontade!
Mas se for entrar, não entra só pra bagunçar e ir embora.
Por favor, eu lhe peço encarecidamente.
Eu até hoje estou arrumando algumas bagunças que deixaram para arrumar sozinha.
Entra, bagunça mais.
Mas por favor, ou bagunça pra ficar ou me ajuda a arrumar.
Não repara, algumas palavras estão jogadas pelo chão.
Não sei se perderam a significância ou talvez nunca tenham tido.
Ainda estou tentando descobrir.
Teve algumas que de tão fracas o vento levou.
Esqueci a janela aberta sabe?
Pensei em fechá-la, mas não quero escuridão.
O sol costuma aquecer a frieza de algumas dessas palavras.
E algumas vezes aquece as feridas que deixaram também.

Essa aqui é a parte rasa.
A bagunça maior está aqui dentro.
Aceita mergulhar nesse mundo?
Eu prometo não te deixar se afogar.
Já me afoguei algumas vezes, mas nada de grave.
Sobrevivi a vários naufrágios dentro de mim.

O meu mar é profundo. 
E bem confuso, admito.
Mas tem muitas histórias boas.
Foram elas que me trouxeram às margens de mim.
Você aceita a viajar nesse mar traiçoeiro?
A viagem é longa mas é válida.

Pois então, você vem?

(Juliana Sayão)